quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

El Espartero em Lisboa

Manuel García Cuesta, o célebre Espartero, toureou na praça do Campo Pequeno em Setembro de 1892. «É de esperar hoje na praça do Campo Pequeno uma enorme concorrência, pois os amadores das diversões tauromáquicas têm grande empenho em ver o trabalho do afamado espada Espartero», antecipava «O Século». «Este notável artista», prosseguia o jornal, «já trabalhou na praça de Sintra, onde foi entusiasticamente aplaudido.»
Maoliyo conquistava o público mais pelos alardes de valentia do que pela graciosidade do seu toureio. Quando lhe recordavam os riscos a que se expunha, costumava retorquir com uma frase que ficou célebre: «Mais cornadas dá a fome!» Na corrida de Lisboa, El Espartero «não pôde ser devidamente apreciado», lastimava D. Izidro, nas páginas da revista «A Trincheira». O crítico, que deu ao seu apontamento a forma de crónica musical, assinala que «Espartero, com a muleta, fez-nos ouvir um escolhido trecho cremos que sobre a canção do Toreador da Carmen, sobressaindo em dois dós de peito, terminado com uma fífia ao simular um volapié. (…) Reconheceu-se, ainda assim, que possui uma bela voz.» A temeridade de Manuel García ditou-lhe a morte, passados dois anos. Em 27 de Maio de 1894 tomba na praça de Madrid, vítima do touro Perdigón, de Miura.
O caricaturista Rafael Bordalo Pinheiro, na sua revista «O António Maria», reportou a passagem de El Espartero por Lisboa, poucas semanas após a inauguração da praça do Campo Pequeno. Perante o escasso poder das reses de Estêvão de Oliveira, o diestro exclama: «Me dá verguenza».

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